Congo/ Educação: Espace Opoko distribui kits escolares às crianças indígenas
A vasta campanha de distribuição de kits escolares às crianças indígenas de Lékoumou, Nkéni-Alima e Sangha, lançada pela organização não governamental (ONG) Espace Opoko a 29 de setembro para lhes proporcionar um melhor início do ano escolar, terminou no passado fim de semana no departamento de Sangha.
Durante mais de três semanas, a ONG Espace Opoko percorreu as estradas do sul ao norte do Congo para fornecer às crianças indígenas as ferramentas necessárias para o seu sucesso escolar. O objetivo da campanha era apoiar 1.503 alunos indígenas, do ensino primário ao universitário, nos departamentos de Lékoumou, Nkéni-Alima e Sangha.
Fundada em 2012, a Espace Opoko trabalha em prol da educação, da dignidade e da inclusão social dos povos indígenas, que durante muito tempo foram marginalizados no seu acesso à escola e aos serviços básicos. Através desta campanha, a organização tem como objetivo não só combater o abandono escolar, mas também encorajar as famílias a enviar os seus filhos para a escola.
Alex Zambi, responsável pela comunicação e chefe de delegação da ONG, observou durante a campanha de distribuição de kits escolares que, em algumas comunidades, as crianças têm apenas um caderno para todo o ano e apenas uma peça de roupa. Assim, a missão da ONG consistia em restaurar a sua confiança e mostrar-lhes que também elas têm direito a um futuro.É de salientar, no entanto, que para além da simples distribuição de bens, a iniciativa é acompanhada de programas de apoio abrangentes: alojamento, nutrição, saúde e apoio educativo para os alunos deslocados para os centros urbanos. A ONG criou igualmente o primeiro internato do país para alunos indígenas do ensino secundário em Sibiti, capital do departamento de Lékoumou.Este estabelecimento acolhe já várias dezenas de alunos indígenas de diferentes departamentos do país.
No terreno, as equipas do Espace Opoko foram confrontadas com uma realidade alarmante, nomeadamente as condições de aprendizagem ainda precárias.Em aldeias como Obili, na sub-prefeitura de Zanaga (Lékoumou), ou Bené Eniamé, no departamento de Nkéni-Alima, por exemplo, as crianças estudam em edifícios de barro transformados em salas de aula, sem carteiras nem equipamento básico. Em Bambama, também em Lékoumou, a parede de uma sala de aula está prestes a cair, o que representa um risco enorme para as crianças. Muitas delas não têm documentos de registo civil. É por isso que o presidente desta ONG, Averty Ndzoyi, sublinha que, nestas condições, o papel de organizações como a sua é vital. "Para alargar a nossa ação e ajudar um maior número de pessoas, precisamos do apoio do governo, das embaixadas e dos parceiros internacionais", afirma o presidente do Espace Opoko.
Um apelo à solidariedade nacional e internacional
Graças a apoios pontuais, nomeadamente do programa "Kotonga" da Embaixada de França no Congo, o Espace Opoko pôde fornecer kits escolares a 926 crianças indígenas da região de Lékoumou, das quais 472 alunos suplementares este ano, graças a esta parceria. A organização espera agora alargar a sua colaboração a outros departamentos, a fim de tornar esta iniciativa duradoura. "Apelamos a todos os actores públicos, privados, nacionais e internacionais para que nos apoiem. Cada donativo, cada apoio logístico, cada colaboração conta. A educação das crianças indígenas é a educação de todo o Congo", declarou Averty Ndzoyi.
A ONG Espace Opoko tem uma visão sustentável para um Congo mais justo. Está a preparar um programa de formação em costura para jovens mulheres indígenas com vista a lançar, num futuro próximo, uma unidade de produção de uniformes escolares para os alunos indígenas. Pretende igualmente construir centros de educação comunitária, promover a formação profissional dos jovens indígenas e incentivar a participação das mulheres nas actividades educativas e económicas.
A organização, presidida por Averty Ndzoyi, recorda que o artigo 35.º da Lei n.º 5-2011, de 25 de fevereiro de 2011, sobre a promoção e a proteção dos direitos da população indígena, garante-lhes um acesso equitativo à educação.Ao atuar no terreno, o Espace Opoko contribui para dar vida a esta lei e torná-la uma realidade.
Fonte: www.adiac-congo.com


